Sustentabilidade, Inovação e Inclusão na Cidade Educadora:
transformando o presente
As cidades são pontos de convergência de processos complexos, dinâmicos e, por vezes, paradoxais. Considerando os diversos desequilíbrios e crises socioambientais vividas cotidianamente, um dos grandes desafios contemporâneos é estabelecer uma sintonia positiva entre as ações humanas e o uso consciente e responsável dos bens naturais.
As condições atuais de produção e reprodução da vida têm demandado que o desenvolvimento econômico e social das cidades esteja fundamentado em iniciativas: (1) sustentáveis, a partir do respeito e proteção ao meio ambiente e seus diversos ecossistemas, do pensamento sustentável materializado em ações sustentáveis, e da adoção de estilos de vida mais saudáveis; (2) inovadoras, com a constituição de novos valores e lógicas sociais, direcionadas à valorização e desenvolvimento das pessoas em busca de soluções criativas para problemáticas contemporâneas; (3) inclusivas, na perspectiva da equidade como princípio orientador da promoção de sociedades mais justas e solidárias.
O XVII Congresso Internacional de Cidades Educadoras, que será realizado em 2024 na cidade de Curitiba, Brasil, aposta nas capacidades educadoras e transformadoras das pessoas e das cidades e tem como premissa dialogar sobre sustentabilidade, inovação e inclusão na Cidade Educadora. Os conteúdos promoverão as reflexões e o compartilhamento de experiências que inspirem a transformação do presente, vislumbrando, também, um futuro mais próspero e sustentável.
A trajetória da cidade de Curitiba é marcada pelo pensamento inovador em relação ao cuidado urbanístico, ambiental, social e cultural, e as questões relacionadas à Sustentabilidade historicamente acompanham seu desenvolvimento. Curitiba tem reforçado o compromisso de ser uma cidade que educa em todos os seus espaços, naturais ou construídos, proporcionando oportunidades para aprender “na cidade, da cidade e a cidade”, tendo em vista a promoção de ambientes saudáveis, a religação dos seres humanos à natureza e o desenvolvimento de boas práticas de sustentabilidade.
Sob esses pressupostos, convocam-se as pessoas participantes do XVII Congresso Internacional de Cidades Educadoras a engajarem-se na premente missão do cuidado para com o bem comum, enfrentando com responsabilidade, competência e comprometimento as problemáticas socioambientais vigentes, buscando resoluções a partir do desenvolvimento de ações e políticas visionárias e assertivas, considerando as perspectivas da sustentabilidade, da inovação e da inclusão.
A perspectiva da sustentabilidade se baseia na interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural. O respeito e o cuidado com a natureza integram a necessidade de garantir o direito à uma vida digna e de qualidade para todos os cidadãos e cidadãs, fundamentando-se na equidade e nos aspectos relacionados ao convívio e ao bem viver. Essas questões englobam a inclusão e não discriminação, o respeito à pluralidade e à diversidade cultural e individual, a justiça social, os direitos humanos, a igualdade de gênero, a cultura de paz e não violência, sob perspectivas cidadãs ativas e corresponsáveis.
Nesse eixo, objetiva-se apresentar e discutir sobre:
- Iniciativas voltadas à redução das desigualdades e à garantia da equidade para que todas as pessoas possam usufruir das oportunidades que a cidade oferece.
- Projetos de renovação e desenvolvimento urbano sustentáveis que evidenciem a pluralidade cultural a partir de uma perspectiva inclusiva, integradora e não discriminatória.
- Iniciativas que contribuam para preservação e transmissão da cultura, impulsionando o diálogo intergeracional e intercultural para uma boa convivência nas comunidades locais, incluindo as comunidades infra representadas, minoritárias ou em situação de vulnerabilidade.
- Propostas que conectam trilhas formativas a partir da humanização dos espaços e da democratização dos territórios, oferecendo possibilidades culturais, educativas, de lazer e esportivas, ampliando a perspectiva de “leitura da cidade” como território educativo.
- Iniciativas que impulsionem o sentimento de pertença ao território, que reconheçam os territórios como espaços sociais de cultura, convívio, integração comunitária e aprendizado contínuo e mutável, o respeito às diversidades e o cuidado com o patrimônio material e imaterial.
- O uso de estratégias de gestão e resolução de conflitos sociais por meio da educação para fortalecer a convivência e promover os laços comunitários.
A inovação social conduz a novas perspectivas econômicas e ambientais, potencializando as lógicas de aprendizado na cidade e impulsionando a transformação dos territórios. Os diferentes rearranjos sociais, institucionais e territoriais podem contribuir para a impulsionar mudanças de estilos de vida, revisão de modelos de produção e consumo, conduzindo a escolhas mais conscientes.
Nesse eixo, objetiva-se apresentar e discutir sobre:
- Projetos e políticas públicas que desenvolvam questões de sustentabilidade e inovação referentes às lógicas ambientais e que sensibilizem sobre as mudanças climáticas.
- Políticas públicas e iniciativas que promovam a mudança de hábitos e a adoção de estilos de vida mais justos, saudáveis e sustentáveis, e que ampliem as oportunidades de reconexão do ser humano com a natureza.
- Intervenções urbanas que promovam a renaturalização da cidade e a reorganização das relações ecológicas, contribuindo no processo de restauração e regeneração de ecossistemas.
- Ações que encorajem a mobilidade urbana ativa e sustentável.
- Iniciativas e políticas intersetoriais que visem a manutenção, implementação e revitalização de espaços públicos ao ar livre, de modo que se constituam espaços seguros, inclusivos, acessíveis, saudáveis e verdes, respeitosos às necessidades das pessoas nas suas diversidades, e que oportunizem a brincadeira, o jogo, o esporte, o lazer, o contato com a natureza e as interações sociais.
- Experiências voltadas à economia social, solidária, circular e de geração de renda, envolvendo a otimização no uso de recursos e gestão eficiente da produção e consumo de bens.
- Ações que fomentem a adoção de hábitos alimentares sustentáveis, a produção e consumo local de alimentos, bem como a segurança alimentar e nutricional das pessoas.
- Políticas públicas, estratégias e iniciativas inovadoras que desenvolvam a articulação intersetorial em busca da transformação dos territórios, interligando a cidade a uma rede de conhecimentos para o exercício da cidadania.
A educação cidadã, nas modalidades formal, não formal e informal, se constitui tanto na finalidade quanto na referência para a sustentabilidade. Uma Cidade Educadora se preocupa com problemáticas modernas relacionadas à sustentabilidade, inovação e inclusão e busca encorajar, elaborar, ampliar e propagar iniciativas que oportunizem a construção de conhecimentos que transformem as relações entre as pessoas e destas com o ambiente.
Nesse eixo, objetiva-se apresentar e discutir sobre:
- A promoção de experiências formativas em todos os níveis e modalidades educativas (em caráter formal, não formal e informal) que favoreçam a tomada de decisões conscientes e orientadas ao consumo responsável e à promoção de estilos de vida sustentáveis.
- A organização curricular e o desenvolvimento de materiais pedagógicos voltados à educação para a sustentabilidade.
- O desenvolvimento profissional dos agentes educativos das diversas áreas do conhecimento bem como da comunidade em princípios e valores socioambientais e de sustentabilidade.
- A criação de canais de comunicação e outras estratégias de compartilhamento de informações visando ampliar o acesso ao conhecimento relacionado à sustentabilidade.
- A criação e/ou adequação de políticas públicas e espaços de aprendizagem para a promoção de experiências educativas em sustentabilidade voltadas ao conjunto da cidadania.
- A criação de programas de aprendizagem de qualidade ao longo da vida voltados à sustentabilidade, adaptados às diferentes gerações e grupos em situação de vulnerabilidade (pessoas em risco de exclusão social, pessoas com diversidade funcional etc.).
- Políticas públicas intersetoriais e programas de cooperação técnico-pedagógica que promovam a troca de experiências exitosas, bem como o acesso à recursos financeiros e metodológicos em ações sustentáveis.